sábado, 31 de julho de 2010

Ah, então era isso

Deve fazer nem duas semanas que decidi e tenho colocado em prática a promessa que toda mulher faz antes de uma festa: ‘não, quando eu chegar em casa, vou tirar toda a maquiagem antes de dormir, claro. E não deito sem passar todos os cremes pra todas as partes do corpo que jazem na minha prateleira’. Cla ro que, ao chegar em casa as 5 da manhã, ainda meio de pileque, mulher nenhuma [ao menos não as naturais e verdadeiras consigo mesmas] faz isso. No máximo lava os pés, se tirou a sandália pra dançar,e finalmente tomba na cama, mal tirando do caminho as roupas que experimentou, decidiu não usar e acabaram não sendo guardadas porque a dona saiu já atrasada.

Mas eu falava da toilete facial noturna, não? Pois bem. Depois de adquirir esse hábito, eu estremeço só de me imaginar apagando a luz sem remover o rímel dos cílios. O skin cleaner veio do banheiro para o quarto e parece evaporar, enquanto os cremes voltaram ao criado mudo que habitavam um ano atrás; inclusive, depois de alguns dias, a necessidade de cuidado comigo mesma se expandiu: nem dormir de meias eu consigo mais, coisa que adorava fazer, muito menos puxar as cobertas sem sentir meus pezinhos devidamente hidratados. E eu sei que a ideia pode parecer um pouco enrolada, então vou apresentar uma analogia pra quem sabe me explicar melhor; pois mesmo parecendo um texto sobre feminices, no fundo quero falar sobre a difícil arte de crescer.

Eis então a analogia: imaginem um ser humano prestes a entrar na puberdade. [mas um humano de mais antigamente, que acho que os atuais talvez não se encaixem nessa ideia, e isso já é assunto pra outro texto...]. A cada dia, ele acorda e percebe algo novo em seu corpo, eventualmente em seu comportamento e/ou modo de pensar e agir. Depois de muito considerar as novidades, às vezes se assustar com estranhamentos ainda sem a explicação de um adulto, mais cedo ou mais tarde ele descobre o que acontece, num livro, num documentário, qualquer coisa que lhe soe familiar, com que se identifque. Aí tudo faz mais sentido [ou ao menos parece menos confuso], e daí em diante, ele precisa assimilar novos acontecimentos e... responsabilidades, pode-se dizer.

Então que há alguns dias eu tenho sentido um medo estranho, e percebido bem perto de mim como que um compromisso inadiável com coisas que antes eram promessas passageiras, ou ações postergadas pela simples e velha preguiça; Há alguns dias, a vida corre como se eu automaticamente fizesse o que tem que ser feito na hora em que precisa ser feito, e isso flui de modo tão natural quase pareço não ter feito outra coisa na vida. Mas só desde mais ou menos ontem veio aquela sensação de controle sobre as rédeas da própria vida, a compreensão do peso de tanta responsabilidade que tanta gente deposita em mim, e tudo isso de repente soou apenas como “ah, então era isso”.

Agora, o medo do mundo adulto passou. Resta apenas a citação do Ismael: Medo não tenho não, só não sei bem por onde começar...

2 comentários:

Carol Borba disse...

Uau, que texto legal =D

Bom saber que vc está se sentindo assim... Acho que é um bom sinal =P

beeeijos...

saudades...

Karol disse...

Bem, eu tomo banho completo qdo chego de uma night super. O problema é tirar as lentes de contato. Já dormi com elas e amanheci com os olhos grudados.

Frase de um filme da Sandra Bullock: "... e lembre-se, as pessoas gostam de quem gosta de si mesma". Retirar a maquiagem direitinho e hidratar a pele é uma maneira de se amar. Nada melhor pra gente [para os outros tb, claro] ter/sentir uma pele lisinha, macia e fresca. Ou como diria uma amiga minha, "uma pele fresca e orvalhada".

=)