domingo, 22 de agosto de 2010

Como tranquilizar sua autoestima com uma simples e rápida análise

Sabe quando tu conta pra amiga que o fulano te convidou pra ir ao apartamento dele, e ela te diz 'mas ah, ele só quer te comer'? 

Então que filosofando sobre isso eu entendo que não, quando isso acontece, o cara não quer só te comer. Digo, nem te comer o desgraçado quer, ele apenas comeria se você fosse até lá, o que é totalmente diferente. Porque se quisesse mesmo te comer não haveria força da natureza que impedisse esse animal de encontrar a presa onde quer que estivesse e arrastá-la pelos cabelos feito um homem das cavernas pra uma sessão drástica de sexo selvagem, mas tudo isso depois de pelo menos alguns telefonemas, e-mails, um jantar ou um cineminha. A diferença de quando ele comeria [ênfase no futuro do pretérito do verbo], é que o filho de uma puta em questão não faz nada além de mal e porcamente te provocar enquanto espera que tu sucumbas à tentação de aparecer no apartamento dele quase sem prévio aviso, usando ligas pretas e quase [na cabeça dele] implorando pra ser comida antes que esquente o vinho que ele abriu pra te esperar.

Portanto, se tem um mané aceitável aplicando esforços visíveis só pra te comer, deixa de frescura e dá de uma vez. Podia ser pior, um amigo dele poderia ouvir desse cafa 'fulana? comeria, mas hoje a noite tem futeba com a galera...'

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eu realmente queria que você tivesse ido a São Paulo comigo

Antes mesmo de chegar [logo depois de sair, pra ser mais exata], eu já senti uma vontade enorme de alguém de sempre, algum elo com o que eu deixava [mesmo que apenas temporariamente] pra trás. Só de pensar em pra onde eu ia, aquele lugar gigante e populoso e frenético eu me senti ridiculamente pequena e sozinha.  Aquela cidade esmaga e sufoca a gente, e lá eu te quis por perto pra me ajudar a respirar um ar que eu conhecesse.


Em cada esquina em que eu parava, esperando uma eternidade até o sinal [sem temporizador] abrir, eu pensava em como seria legal dividir aquilo com alguém que conheceu meu pior e um pouco do meu melhor também, mas principalmente meu pior; porque é isso que distingue convivência de amizade e as duas de todo o resto: na tua frente eu não me impediria de chorar de saudades de casa nem de raiva de alguém.


Eu quis querer o que o vento não leva
Prá que o vento só levasse o que eu não quero
Eu quis amar o que o tempo não muda
Prá que quem eu amo não mudasse nunca
Eu quis prever o futuro, consertar o passado
Calculando os riscos
Bem devagar, ponderado
Perfeitamente equilibrado
Até que num dia qualquer
Eu vi que alguma coisa mudara
Trocaram os nomes das ruas
E as pessoas tinham outras caras
No céu havia nove luas
E nunca mais encontrei minha casa


Porque o tempo passa, mas eu não aprendo a me despedir.