domingo, 30 de março de 2008

Da Estranheza Do Ser

Hoje é um daqueles dias em que a minha estranheza não lateja. Ela grita, alucinadamente. E, pra piorar, a bandida me escolta, passeia abraçada com aquele meu permanente desespero nato, que me desnorteia ante as obrigações da vida: escolher, cumprir, acertar. Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, oras. E é por “pensar demais” que muita coisa me escapa. Eu e minhas preposições desconexas, minhas peculiares construções frasais.


Ultimamente tenho oscilado nos primeiros momentos da manhã, logo depois de levantar da cama. E é uma coisa mais corporal mesmo: um dia eu acordo firme, pronta pra ouvir Jamie Cullum, deitada numa rede, com um vestido tão leve quanto a brisa que me passa pelo rosto; aí, no dia seguinte, eu acordo frouxa, frouxa, preciso de roupas bem justas porque eu me sinto despedaçar, e só mesmo Faith No More pra me manter centrada o suficiente.


A indecifrável atração pelo erro, isso ninguém explica ou entende. Existe uma eu que não sei ser fora de mim, ela sai torta, torta. Já disseram que é virtude, e do alto da minha presunção – quase sempre comedida – eu acho que talvez seja mesmo, porque dizem que ser bom nunca é fácil – e, por conta própria, descobri que não é nada indolor.


[É como uma febre que nasce no sangue e se percebe na pele quente; assim minha estranheza se externa. Ou aperto, ou angústia, chamem como quiserem esse meu desconforto com não sei o quê. É quase palpável, se eu for considerada uma extensão disso que me acontece dentro. A diferença nesse caso é que eu me sinto sem bordas, nada entre mim e o ar ao redor, esse ar que parece rarear na medida em que o invólucro lentamente se refaz. Porque o show tem que continuar.]

domingo, 23 de março de 2008

Domingo de chuva, sem coral, ainda tentando assimilar as últimas 17 horas. Intercalando Legião com Beatles, a todo volume, seja de verdade, seja só na minha cabeça. Something, Something, Something. Mentira, there's nothing I can do...

E agora? Vou tratar da cólica e parar de delirar, ué. Deslumbramento nunca me fez bem mesmo, muito menos quando não sei bem se foi de verdade ou se eu sonhei. Vou no máximo deixar as palavras escorrerem pelos dedos, sem muita medida, não aqui, não pra isso.

Dá-lhe chocolate branco [afinal é páscoa] e litros de chá de hortelã [não menos que baldes, please] pra encerrar o feriado; Que venha a segunda-feira, que volte a rotina, me soterrando de afazeres pra eu distrair do que lateja.



...Até bem pouco tempo atrás,
Poderíamos mudar o mundo
Quem roubou nossa coragem?...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Pseudo poesia III

Outra vez se materializou, bem na minha frente
Cara de paisagem, sorriso frouxo no rosto
Vestindo camisa azul e uma desculpa esfarrapada
Pra não ter telefonado naquele feriado

Só enganou um pouco a saudade do abraço
Fez um e outro comentário aleatório
Que eu não odeio nem esqueço
E foi: pra ela, pro mundo, pra longe de mim