segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Platonismo Intelectual

Muito tempo atrás, numa galáxia muito distante, no meu ano de caloura na Universidade, eu perdia uma tarde de domingo viajando em comunidades do Orkut sobre a Martha Medeiros. De repente, me deparei com um cidadão [sim, um homem que lê Martha! - só aí já ganhou pontos], digamos, instigante.

Faz tanto tempo que não lembro mais como o papo evoluiu, muito menos como acabei no blog dele - que não lembro o endereço, nem deve existir mais. Mas foi naquele dia que eu fiz o meu primeiro blog, inspirada pela Martha e pelo Fabrício Gimenes, que hoje escreve [majoritariamente] no São Botequim

Tá, tá bom. Todo esse discurso aleatório é só pra situar a crônica dele que me arrebatou hoje e não consigo não transcrever - sim, é pura rasgação de seda. Confiram:

***

Igual a tudo na vida
Fabrício Gimenes

Quantos amores a gente tem na vida? Para falar a verdade acredito em apenas um. Dois, com muita sorte. Há quem duvide desse sentimento e aposte na auto-suficiência como verdade. Mas, este que vos escreve, acredita bastante nessa história de "sentir-se completo". Até demais.

Mas o que é preciso para essa coisa estranha batizada de "amor"? Para começar, é preciso estar disposto. Derrubar as fronteiras entre um olhar e outro, entre possibilidades e ocasiões, entre o sim e o não. É preciso também ser forte o suficiente para acreditar que é fraco, e ter coragem para vencer o medo de sentir algo que nos deixe tão vulneráveis. É preciso a solidão para entender o que é o amor.

É preciso entender que há diversas formas de amar, e que todas elas são válidas. Mas, independente da forma ou razão, o segredo do amor está na simplicidade. Está na simplicidade em tratar os desastres como se fossem trivialidades, mas nunca tratar as trivialidades como se fossem desastres. Está na consciência de que, acima de tudo e de todos, está o próprio bem estar. Sem egoísmo ou egocentrismo, apenas cuidado. No que diz respeito a princípios, é preciso ser firme como uma rocha, mas no que se referir a gostos e preferências, o certo é nadar conforme a correnteza. Experimentar. Podemos aprender muito mais mantendo portas e janelas bem abertas.

É preciso saber explicar um sentimento em três palavras, ter confiança e respeito no dia-a-dia e não somente nas cartas e declarações. É preciso prática e paciência, afinal, quem aí já nasceu sabendo amar? Para ter o amor de verdade, é preciso ler as entrelinhas que nos cercam, pois nelas estão as respostas para nossas tão silenciosas perguntas. Para amar de verdade não é preciso urgência, pois com ela vem o desespero e a ilusão. 

O segredo do amor é a sua capacidade de camuflagem. O amor é simples. Ele se mistura à todas as coisas ao nosso redor. Por isso é preciso atenção em cada olhar, às vezes ele acaba se perdendo enquanto pegamos o próximo ônibus. Quem tem olhos que veja – já disse o velho e curioso Da Vinci. O amor é igual a tudo na vida.

*** 

Pois é. Quando vi o título, achei que ele só iria divagar sobre o filme homônimo do Woody Allen. Mas ele foi bem mais além... então acabei de promovê-lo à paixão intelectual - e platônica, claro, que Vitória dá mais de meia hora de helicóptero [né, Amy?].  Mas um dia, quando eu crescer, quero escrever bonito igual ele. ;)


Um comentário:

Fabricio Gimenes disse...

Ah, Nayana...

Rasgação de seda, heim? (risos)
Fico contente que eu possa ter despertado em você coisas positivas.

Que o texto tenha tocado, tenha, realmente, sido lido, vivido.

Esse seu post foi o melhor presente de aniversário que já ganhei.

Beijos, guria!