domingo, 3 de junho de 2007

O ruim da boa memória é que...

Aí parece que cada fim trás amarrado consigo todos os outros, a gente remói pela enésima vez todos os erros, ensaia de novo as palavras não ditas, mesmo que seja pra guardar - novamente - sem dizer. Por pouco não dói tudo outra vez.

O problema nem é o fim, é se libertar do fantasma recém-nascido e, além disso, aparentar a disposição que o mundo exige, sem saber o quanto isso pode nos custar. Minha escritora favorita chama de “cicatrizes de estimação” aquelas mágoas que remanescem mais que o necessário. Mas o que fazer na falta de um interruptor “liga/desliga”?

Quando não dói mais a dor muda de nome: agora é lembrança. Aí mesmo que não deixa de existir, porque se não for devidamente arquivada, só incomoda/atrapalha. Talvez nem tanto os seus detentores, mas às novas almas que se aproximem do ser que ainda vive num processo de cura, lento, demorado – e invisível, pois se ninguém entende, então é melhor mesmo não proclamar nada a respeito.

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