terça-feira, 12 de junho de 2007

Bate-Papo

Conversar, conversar, conversar. Aai, como eu adoro fazer isso!! Tem conversa que deveria ser remunerada, de tanto bem que faz e dá vontade de não terminar nunca. Filosofia de boteco, fofoca com amiga, um belo dum flerte com aquele colega distante da sala. Seja qual for a modalidade, conversemos. Aliás, de agora em diante, eu considero a qualidade de qualquer relacionamento diretamente proporcional ao tanto de conversa que se tem, e a quantia de verdade depoistada em cada uma. Papo pra caramba, no melhor estilo “antes do pôr-do-sol” [um filme encantador, diga-se de passagem], porque percebi a diferença entre saber “da vida do outro” e saber “do outro”.

Saber da vida de alguém é quando a gente sabe onde vai estar, com quem, fazendo o quê, que horas sai, que horas chega. E assim sabe-se da vida de todo mundo: a filha da vizinha engravidou com 15 anos, o colega de trabalho da sala ao lado trai a mulher com a secretária, o sobrinho da cunhada do padeiro se droga escondido da família. Pode ser tão útil quando atrapalhar, até perigoso, sabe como é, tem gente capaz de tudo por "informação", seja para obtê-la ou aprisioná-la.

Já o “saber do outro” vai além: é saber quando abraçar, quando pode gritar, quando deve calar e apenas manter-se ao alcance, saber ler o cansaço e a necessidade de descanso - inclusive da mente -, não precisar mais perguntar “mas que m... é essa?” diante de uma esquisitice corriqueira. Há quem chame isso de simplesmente “conhecer”, mas esse conceito também anda deturpado ultimamente. Com todas as facilidades da vida moderna, pode-se conhecer melhor um japonês com quem nunca se trocou nada além de e-mails, mas acaba-se esquecendo dos que fazem parte do convívio diário, aqueles que realmente agüentam os trancos não planejados, têm um colo pra oferecer no fim de um dia difícil e merecem sim um cadinho a mais de dedicação.

Saber do outro nos permite curtir acompanhados um silêncio que não incomoda, muito pelo contrário, é até bem confortável. É -sem perceber- saber o que agrada e surpreender-se fazendo seja lá o que isso for, com uma satisfação que ninguém entende ou explica.

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