domingo, 20 de maio de 2007

Convalescência

Você esperneou, ouviu músicas de fossa que deixam Lupicínio Rodrigues no chinelo, chorou um Nilo [cheio, é claro] de lágrimas, e milagrosamente dormiu. Fosse esse o maior problema!

No dia seguinte acordar, sair da cama, se encarar no espelho, tudo dói. Relembrar é o mesmo que cravar um punhal no próprio peito, e você já não sabe o que fazer com um dia cinza. Só pensa nas milhares de coisas que poderia/deveria/queria ter dito, mas agora é tarde e você não pode mais.

E agora? Livros. Amigos. Telefone. Música. Distrair-se, não pra fugir, mas esquecer mesmo. Curar a alma, já que não foi uma perda tão repentina assim e, principalmente, parar de procurar. Uma vez que seja, ter a petulância de simplesmente esperar ser encontrada.

Ele foi pra não voltar. Não é o primeiro, improvável que seja o último, mas entre um e outro muito lhe aguarda. Dentro desse muito, uma vida inteira.

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