domingo, 30 de março de 2008

Da Estranheza Do Ser

Hoje é um daqueles dias em que a minha estranheza não lateja. Ela grita, alucinadamente. E, pra piorar, a bandida me escolta, passeia abraçada com aquele meu permanente desespero nato, que me desnorteia ante as obrigações da vida: escolher, cumprir, acertar. Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, oras. E é por “pensar demais” que muita coisa me escapa. Eu e minhas preposições desconexas, minhas peculiares construções frasais.


Ultimamente tenho oscilado nos primeiros momentos da manhã, logo depois de levantar da cama. E é uma coisa mais corporal mesmo: um dia eu acordo firme, pronta pra ouvir Jamie Cullum, deitada numa rede, com um vestido tão leve quanto a brisa que me passa pelo rosto; aí, no dia seguinte, eu acordo frouxa, frouxa, preciso de roupas bem justas porque eu me sinto despedaçar, e só mesmo Faith No More pra me manter centrada o suficiente.


A indecifrável atração pelo erro, isso ninguém explica ou entende. Existe uma eu que não sei ser fora de mim, ela sai torta, torta. Já disseram que é virtude, e do alto da minha presunção – quase sempre comedida – eu acho que talvez seja mesmo, porque dizem que ser bom nunca é fácil – e, por conta própria, descobri que não é nada indolor.


[É como uma febre que nasce no sangue e se percebe na pele quente; assim minha estranheza se externa. Ou aperto, ou angústia, chamem como quiserem esse meu desconforto com não sei o quê. É quase palpável, se eu for considerada uma extensão disso que me acontece dentro. A diferença nesse caso é que eu me sinto sem bordas, nada entre mim e o ar ao redor, esse ar que parece rarear na medida em que o invólucro lentamente se refaz. Porque o show tem que continuar.]

6 comentários:

Anônimo disse...

Vc não é estranha. É única e eu adoro essa complexidade toda.

=*

Jury Antonio Dall'Agnol disse...

a estranheza não é ruim, tão pouco desconfortante... o que realmente incomoda é a estranheza das pessoas...

beijo

Arobed Omissirev disse...

o show tem que continuar sempre, né? afinal não existiria o circo se não fossem os palhaços, os equilibristas e aqueles que insistem em por a cabeça na boca do leão ou pular por dentro do círculo de fogo.


droga batman, acho que nao escolhi um bom momento psicológico pra fazer uma materia sobre tragedia...

Guilherme Lima disse...

Que bela crônica e quanto tempo eu não ouço falar de Faith No More... Quanto a estranhesa, acho que todos nos sentimos meio estranhos no meio de tanta gente descolada que se sente estranha dentro de casa e se droga não pelo prazer que a droga pode proporcionar, mas por medo da vida ou para tentar parecer descolada, quando na verdade são tão estranhas quanto nós estranhos... Sei lá acho que tive uma viagem...rsrs Acho que foi a influência daquela menina Thati do Big Brother... pois é, eu também pequei...

Mari ☮ disse...

Tu me vê nos shows do Nenhum? :|
hauhauhauhauah

Ahn, vergonha do que eu escrevo.. não sei faze-lo direito e me meti a fazer um blog.. hahauhahua =)


Comentário, obviamente, considerado! ;)

Karol disse...

Encerrado. finito est.

=*