domingo, 30 de setembro de 2007

Sobre As Coisas Que Se Sabe

Quase fim de tarde, mas parece madrugada
E as velhas certezas me assaltam
Ao som de Beethoven e
à lembrança do Cazuza
Abrir cortinas, escancarar janelas
Pra no fim só dar de cara com uma chuva chata
Que insiste em cair
Eu queria sonhar, mas não consegui dormir
Discos, bruxas, perfumes
A paisagem não muda
Livros, roupas, incensos
Isso não vai mudar nunca
Eternamente dependente
De qualquer coisa que ajude a sobreviver
Já sei o que me espera
Tudo o que o destino me reserva
Mas mesmo assim pago pra ver
Que estava certa,
No fim os fins são sempre os mesmos
Vento frio, neblina ao longe
Um horizonte tão distante de alcançar
Ainda que eu me esforce
Os medos não vão mudar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Fragmento Em Primeira Pessoa

Sei que já não há motivos pra escrever... Mas às vezes ninguém sufoca inteiramente as palavras que restam, porque sempre restam palavras. Felizmente pra você, não despejarei aqui todos os impropérios que vez por outra me ocorreram, aqui encontras nada mais que divagações aleatórias, numa vã tentativa de coisa nenhuma.


Reconheço nesse instante o quanto errei... Havia uma imensa preocupação minha em manter tudo entre apenas dois corpos, só não percebi que te excluía também, junto com os outros tu foste privado de aturar uma felicidade que ninguém nunca soube a medida. Isso porque ninguém nunca vai entender porque te amei, porque sempre fiz tanta questão de você. Ao contrário de qualquer amor de antes, eu não queria dividi-lo com mais ninguém além de ti, mas acabei esquecendo de contar isso à única outra parte que interessava.


Desculpas? Peço-as agora. Por ter sido insana vezenquando, por não saber esconder o que eu senti, por ter pensado mais em você que em mim, por não ter gritado quando tudo latejava, por não ter corrido mais, por não ter sido quem eu pretendia ser pra você - porque no fundo eu pretendia era não te perder pela enésima vez. Por ser repetitiva. Por não saber o que fazer com o desconfortável vazio que ficou quando partiste.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Receita de Um Dia Bom

Desde muito cedo, sequer dirija a palavra a quem não percebe se você ainda respira. Assim pode-se manter o humor pra almoçar com aquela amiga insuportavelmente preguiçosa, mas que te proporciona boas risadas entre ótimas reflexões acerca do cotidiano que as rodeia.

Pela tarde, trabalhe em silêncio, concentre-se no que há pra fazer – parece que o tempo até passa mais rápido. Quando você menos espera é hora de ir embora, mas não para casa: há alguém a sua espera no cinema. Ou indo ao seu encontro, afinal atrasos acontecem, mas isso já não é tão relevante quando você adentra no shopping e dá de cara com a exibição em DVD de um show da sua banda favorita.

Deixe outra pessoa escolher o filme, então compre um chocolate maravilhoso e aproveite uma hora e meia imersa num abraço melhor ainda. Depois disso, converse com alguém muito legal, enquanto afunda num sofá di-vi-no e abraça alguém tão confortável quanto.

Visite sua livraria favorita, nem que seja para apenas namorar aqueles títulos que mais sonha ver na prateleira do quarto. No caminho para casa, desligue o mp3 player e ouça o violino que alguém toca no fundo do ônibus, certamente Vivaldi fará bem aos seus ouvidos. Chegando finalmente ao lar, ouça as músicas de que lembrou no caminho.

Quando deitar na cama preste atenção ao barulho da chuva no telhado, encolha-se entre as cobertas e, importantíssimo, não esqueça de agradecer pelo [aparentemente, ao menos] bom texto que um ótimo dia lhe rendeu.

domingo, 16 de setembro de 2007

Não Vai Dar Tempo...

De ouvir tudo do Cazuza, do Chico Buarque, dos Engenheiros do Hawaii, dos Rolling Stones, do Red Hot Chili Peppers, quiçá os 15 GB de música no meu computador. Nem de assistir 17 shows dos titãs, mais [no mínimo] uns 22 do Nenhum de nós, ao menos um [unzinho que seja!] do Garbage, mais alguns do Capital inicial. É bem provável que eu morra sem chegar perto do Axl Rose, assim como do Mike Patton, e pelo Renato Russo só me resta chorar.

Eu ainda pretendo ler toda a obra da Lya Luft, do Caio Fernando Abreu, do Luis Fernando Veríssimo, do pai dele também, do Lee Child e ainda os clássicos indispensáveis pra qualquer ser humano, mas se conseguir os quatro primeiros livros da Martha Medeiros já é muito, porque talvez eu não tenha tempo de completar minha coleção. Os livros que comprei nas férias, será que eu consigo? Se ao menos eu encontrasse todos do Arquivo X...

Ah, ainda falta conhecer Itália, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Holanda, Finlândia, Grécia e Canadá, não necessariamente nessa mesma ordem. Mas se não tenho tempo pra ir até são José, imagina cruzar o atlântico. Nem no Beto Carreiro World eu fui, como é que vou sonhar com a Disney? Visitar minha família no Paraná dentro dos próximos dois anos será uma vitória e tanto.

Por aqui, quero aprender a tocar violão, guitarra e baixo, a cantar, a costurar, a cozinhar, a falar italiano, aperfeiçoar meu inglês enferrujado, dançar mais e mais e mais, voltar pro alongamento e ler todos os textos indicados pelos professores. Assim que inventarem um dia com 38 horas eu vou cursar Filosofia – junto com o mestrado em História da Arte, lógico, pra depois ir pra Porto Alegre estudar comunicação social e me habilitar em jornalismo e então trabalhar no que mais amo.

Assim quem sabe eu terei minha casa e meu new beatle roxo pra, quando me der na veneta, poder encontrar as pessoas que me fazem bem mas com as quais nunca passo o tempo necessário, seja pra por a fofoca em dia, seja pra filosofar o tanto que nossas doidivanas mentes produzem de idéias geniais.

Mas, não sei por quê, tô achando que não vai dar tempo.

sábado, 1 de setembro de 2007

Cansaço

Cansada, cansada, cansada. Assim que eu me sinto AGORA. Cansada de tudo, das obrigações diárias [cumpridas ou não], cansada de me importar, de acreditar, de esperar pela mudança que não veio até agora e no fundo sei que nunca virá, cansada de não ter forças pra aceitar isso. Cansada de mim, do mundo, de quem mente, de quem finge, de quem foge, de quem não age, dos que não reagem também, cansada de engolir as palavras, silêncio sempre me deu nos nervos, meu ou de outrem.

Haja tempo pra fazer algo além de cumprir rotinas, haja temperança pra manter a cara de quem não liga mesmo louca pra interferir, haja força pra fazer as mudanças acontecerem [por bem ou por mal], haja cama pra chorar se as coisas não saem bem como a gente queria... Haja saco pra agüentar o mundo, que gira como quer só pra nos deixar enjoados. Haja guaraná power pra tanto cansaço, porque não nos resta muita escolha além de continuar achando força sabeládeusonde pra continuar a viver, mesmo sem saber direito pra que serve essa tal vida. Haja voz pra quebrar o silêncio, pra gritar, pra morrer sem ar depois do grito de maior dor que a nossa garganta souber gritar. Haja lágrimas pra chorar, haja sorriso pra sorrir [nem que seja do coelhinho cogendo a toda velocidad]. Haja estomago pra agüentar todas as coisas que a gente engole, seja pra não magoar os outros ou pra (tentar) não foderaporratoda mais ainda.

Haja sangue pra manter o coração ocupado, dessa vez batendo, depois de tanto apanhar.
__________________________________________

À saber: isso foi escrito à quatro mãos [ou dois teclados, como preferirem]. A parte legal foi colaboração da Deh, como podem conferir em www.dehverissimo.blogspot.com.